Em artigo, o psiquiatra e autor Rami Kaminski aborda a personalidade "otrovert", explicando como ela difere da introversão e extroversão. Ele introduz o tema com o caso de uma mãe que procurou ajuda profissional para entender o comportamento de seu filho adolescente. Apesar de popular e sempre convidado para festas e eventos, o jovem frequentemente se recusava a ir, revelando em terapia que se sentia desconectado e solitário em ambientes de grupo, preferindo a companhia de poucos amigos ou a solidão.

Com o tempo, o psiquiatra identificou que esse padrão de comportamento se repetia em diversos outros pacientes, muitos dos quais não tinham qualquer diagnóstico psiquiátrico de ansiedade ou depressão. Tratava-se, na verdade, de uma característica de pessoas que carecem do impulso de pertencimento ao coletivo. Para descrever esse traço de personalidade, foi cunhado o termo "otrovert", que se refere àqueles cuja orientação não se alinha com a da maioria do grupo.

É crucial não confundir os otroverts com os introvertidos. Embora os introvertidos tendam a ser mais reservados e evitarem a exposição, os otroverts podem ser bastante sociáveis, participativos em interações diretas e até articulados em situações específicas. Sua energia não se esvai em conversas profundas; na verdade, eles se fortalecem com elas. O prazer em estar só, para eles, não é uma necessidade de se recarregar, mas sim uma forma de evitar a desconexão que sentem quando cercados por multidões.

A sociedade, desde a infância, reforça a ideia de que a participação em grupos é essencial para uma vida plena. se desviam dessa norma são frequentemente taxados de desajustados, o que gera incompreensão. No entanto, o caso do jovem em questão e de muitos outros demonstra que o caminho para a realização está em selecionar as conexões e atividades que realmente fazem sentido, e não em seguir um padrão coletivo.

A aceitação dessa forma de ser é, portanto, um ato libertador. Os otroverts, por sua tendência a ver as pessoas como indivíduos em vez de membros de um grupo, estão bem equipados para prosperar em um mundo cada vez mais polarizado. Sua independência de pensamento favorece a criatividade, e sua satisfação pessoal deriva de suas próprias conquistas, não da comparação com os outros. Em última análise, viver de forma autêntica, mesmo fora do padrão, é o ideal para o otrovert.