Artitude, zentusiasmo e aventurismo

Comecei uma conversa bacana na versão Facebook desse site sobre uma empresa que promete acabar com os e-mails na sua comunicação interna.

Como acho que o assunto rende um texto maior, comento sobre ele por aqui. Acredito que o e-mail têm muitos usos e fins. Por ser uma tecnologia “agnóstica”, é mais fácil de utilizar. Basta ter o e-mail do destinatário. Diferente de um aplicativo ou rede social online, em que as duas pontas da conversa devem ter cadastro no mesmo ambiente. Ademais, o custo do e-mail é baixo (se o problema é espaço, pode-se optar pela computação nas “nuvens” ao utilizar webmail), você pode enviar arquivos multimídia, fazer becape é fácil etc.

Toda essa facilidade de uso, paradoxalmente, gera problemas. Mensagens são enviadas sem critério. No caso das empresas, os funcionários muitas vezes enviam correspondência em excesso : uma simples conversa no corredor poderia funcionar (e que tal evitar as desnecessárias correntes, os pesados arquivos power point?)

Outro problema é que alguns verificam em demasia sua caixa de entrada. Uma solução seria estipular horários para acessar sua caixa de entrada. Em casos de comunicação rápida, uma ligação ou sms poderia ser a solução mais adequada. Outro desafio é que alguns são refratários à adoção de novas plataformas de comunicação. Já vi resistência até em adotar a suíte de aplicativos gratuita OpenOffice, que é bastante similar ao pacote Office, da Microsoft.

A prática migrou para os telefones inteligentes. Para as pessoas que usam excessivamente o Blackberry para conferir novos e-mails, o celular símbolo do meio corporativo. Daí surgiu o termo crackberry.

Com o objetivo de demonstrar que são muito requisitadas, as pessoas não raro dizem que estão atoladas de trabalho, que sua caixa postal está cheia… O excesso, que pode indicar sobrecarga de trabalho ou má gestão do tempo e de responsabilidades, gera combustível para a autoestima. As empresas de eletrônicos dão “suporte” a isso. Os e-mails enviados de alguns aparelhos de celular entregam essa informação na assinatura (“Essa mensagem foi enviada de tal celular”). O que pode apontar desequilíbrio, vira status.

Claro, muita bobagem é dita sobre o fim do e-mail. Como o fato de vislumbrarem que ele não tem futuro porque os jovens de hoje pouco o usam. Fico pensando o que teria sido do fax se tivessem usado como público-alvo os adolescentes. Os jovens tem outra dinâmica, muitas vezes distinta dos adultos. Para os mais novos, muitas vezes o que importa é a celeridade da interação. Por isso, é fácil mandar sms curtos, ou mesmo adotar redes sociais. O jovem não pensa em questões de segurança, ou o fato de compartilhar informações confidenciais num site de relacionamento que não controla. Nem tem necessidade de enviar documentos importantes numa plataforma segura.

Não sei se uma nova tecnologia pode substituir o e-mail no curto prazo. O Google Wave fracassou recentemente ao tentar reinventá-lo. Seria um caso de pretensão exacerbada (poderia ter se convertido numa ótima ferramenta de nicho), ou por não representar uma evolução, mas sim complicar o que é simples?

Acredito, de toda forma, que o e-mail não deveria ser o meio digital mais utilizado pelas empresas. Há outras ferramentas, como o o wiki, redes sociais empresariais… É necessário avaliar o tipo de empresa, o(s) perfil(s) de seus funcionários, com quais públicos externos quer interagir… Cada projeto de comunicação deveria encontrar o meio adequado. “O meio é a mensagem”, já indicou McLuhan. O objetivo não deve ser apenas trocar informações, mas gerar conhecimento.

O problema é que o meio corporativo se acostumou a fornecer ferramentas limitadas e pouco interativas para os funcionários. Já vi cada intranet quadrada… O e-mail também é atraente por possuir respaldo jurídico. Por isso, é ótimo para registrar conversas. 

Hoje, o e-mail ocupa o lugar do lençol que muitas crianças teimam em não deixar para trás. Mesmo puído, já faz parte da vida delas. O e-mail, considerado por muitos algo ultrapassado, resiste à ideia de se aposentar.

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