Artitude, zentusiasmo e aventurismo

George Michael, um ícone da música pop, sempre foi conhecido por seu espírito transgressor. Quando julgou que o seu contrato com a gravadora era injusto, foi à justiça. Perdeu a causa, mas manteve seus valores. Agora, ele diz que o disco “Patience” será seu último lançamento comercial. Depois, irá disponibilizar suas músicas na internet, de graça.

A decisão de George Michael de disponibilizar gratuitamente sua música na internet representou mais do que uma simples mudança de estratégia comercial; foi um ato rebelde contra um sistema que, por muito tempo, havia ditado os termos da indústria musical. 

Não está sozinho. Outros artistas estão rompendo com o modelo tradicional de distribuição. Eles estão elaborando formas independentes de criar e compartilhar sua arte. Desde a penúltima turnê, o Pearl Jam lança em CD todos os shows que faz. Cada disco duplo, que pode ser comprado no site da banda, custa 12 dólares. 

Jon Anderson, vocalista do Yes, também irá pelo mesmo caminho. “Pretendo compor músicas novas, gravá-las durante minhas apresentações e lançá-las em DVD, uma vez por ano". Ele já vislumbra os próximos passos: "quero permitir que as pessoas possam assistir aos meus shows pela internet".

A indústria fonográfica, por décadas, funcionou de forma concentrada, com as gravadoras detendo o controle sobre a produção, distribuição e promoção musical. Os artistas, muitas vezes, tinham pouca autonomia sobre suas carreiras. A ascensão das plataformas de streaming e o aumento da pirataria digital abalaram os pilares desse sistema, criando um cenário de incerteza e transformação.

Ao disponibilizar sua música gratuitamente, George Michael não apenas desafiou as grandes gravadoras, mas também coloca em xeque a própria noção de valor da música. Se a música pode ser acessada livremente, como os artistas podem gerar renda? Essa pergunta ainda não tem uma resposta definitiva. No entanto, a ideia de George Michael e de outros artistas que adotaram modelos de negócio semelhantes sugere que a chave para o sucesso está na construção de uma relação mais direta com o público.

Ao se conectar diretamente com seus fãs através das redes sociais e de plataformas digitais, os artistas podem criar comunidades engajadas e leais, que estão dispostas a pagar por experiências exclusivas, como shows ao vivo, produtos licenciados (como camisas temáticas) e conteúdo premium. Essa mudança de paradigma representa uma oportunidade para os artistas recuperarem o controle sobre suas carreiras e construir negócios mais sustentáveis a longo prazo.

Ainda estamos tateando o que está por vir. Nada garante que tais ações sejam bem-sucedidas, ou que surjam outras abordagens ou inovações tecnológicas. Durante o M3 (Miami Music Multimedia), evento que reuniu cerca de dez mil profissionais da música, a maioria das opiniões chegou à mesma conclusãoa indústria musical como conhecemos está acabando. O futuro está sendo escrito. 

Para Peter Lurie, da Virgin Mobile, braço da Virgin inglesa que trata de música móvel, a tendência é a convergência de mídias, ou seja, um aparelho para fazer de tudo. “E aí o celular está bem posicionado até mesmo para substituir, em poucos anos, até tocadores de MP3 como o iPod“, vislumbra.



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